Vídeos estão bombando em sites de notícias
Os sites noticiosos da web estão começando a se parecer menos e menos com jornais e mais com canais de televisão. A CNN.com e a ESPN.com vêm destacando muito mais o conteúdo em vídeo em suas home pages, e muitas vezes estimulam os visitantes a acionar o vídeo antes mesmo que comecem a ler os textos.
E até o Wall Street Journal transferiu sua seção de vídeos para posição de destaque, e agora o site wsj.com oferece dois noticiários em vídeo transmitidos ao vivo, a cada dia.
Um dos principais motivos para a tendência é comercial. Em um momento no qual outras categorias de verbas publicitárias estão em recuo, a publicidade relacionada a vídeos floresce. Os sites de notícias estão ampliando fortemente o seu acervo de vídeos a fim de atender à demanda dos anunciantes, e se beneficiam do maior CPM, ou custo por mil, que está associado à publicidade em vídeo.
A atenção aos vídeos espelha as mudanças na maneira pela qual os consumidores consomem notícias. Grandes eventos, seja uma eleição presidencial ou a morte de Michael Jackson, resultam em uma alta no número de vídeos noticiosos assistidos por novos usuários, e depois de cada uma dessas ocasiões, certo número desses novos consumidores se tornam usuários regulares dos sites.
"A cada evento marcante, a popularidade do vídeo online se torna maior", diz Charles Tillinghast, presidente da MSNBC.com, uma joint venture de notícias entre a NBC Universal e a Microsoft.
K. C. Estenson, gerente geral da cnn.com, parte do grupo Time Warner, diz que "as pessoas estão usando a Internet de maneira diferente, agora". E acrescenta: "Com a penetração da banda larga se ampliando cada vez e cada vez mais sites oferecendo essa capacidade com acesso fácil, as pessoas têm a expectativa de ver vídeos".
As companhias de mídia tipicamente não revelam detalhes sobre o faturamento de publicidade em vídeo, e com certeza o total faturado com publicidade em vídeo empalidece diante dos números da publicidade vinculada a buscas e da publicidade online convencional. Mas o crescimento atraiu investimentos e interesse na produção de vídeos.
Entre os sites de notícias operados por jornais, o New York Times e os dos jornais das cadeias Gannett e Tribune recebem mais de um milhão de visitantes ao mês em suas seções de vídeo noticioso, de acordo com a comScore, que mede a audiência de sites da internet. A home page do New York Times ocasionalmente oferece vídeos ao vivo de alguns eventos; recentemente, trouxe uma entrevista coletiva sobre o ataque em Fort Hood, Texas.
Mas a produção de vídeos pode ser dispendiosa, o que limita os esforços de alguns sites para expandir seu uso e leva pessoas como Tillinghast a prever que acesso a vídeos produzidos por canais de TV (um recurso abundante na NBC) representa vantagem.
Além dos sites noticiosos, o vídeo também representa o setor publicitário de mais rápido crescimento na Internet em geral. A publicidade vinculada a vídeos digitais movimentou US$ 477 milhões no primeiro semestre de 2009, 38% acima do total do período no ano anterior, de acordo com o Interactive Advertising Bureau.
Com receita estimada em US$ 5 bilhões no primeiro trimestre de 2009, a publicidade vinculada a buscas continua a ser o segmento dominante, mas deve crescer pouco este ano.
Uma das causas da alta nos investimentos publicitários em vídeos online são os chamados "pre-rolls", os anúncios curtos em vídeo exibidos antes que um vídeo comece ¿ uma ideia desdenhada no passado.
"Na verdade eles funcionam até bem", disse Brian Quinn, vice-presidente e gerente geral de vendas de publicidade digital na rede digital do New York Times. Um anúncio pre-roll de 15 segundos "seguido por dois a cinco minutos de conteúdo de alta qualidade é uma troca justa", disse Quinn.
Os analistas dizem imaginar que o fluxo de verbas de publicidade online para vídeos noticiosos deva se manter. O grupo de pesquisa eMarketer projeta crescimento de 35% a 45% ao ano para o segmento nos próximos cinco anos, até atingir os US$ 5,2 bilhões em 2014. (Mesmo assim, o total ficaria bem abaixo da publicidade vinculada a buscas, que deve movimentar US$ 16 bilhões naquela data.)
Na perspectiva para os próximos cinco anos que divulgou em outubro, a eMarketer afirmou que os anúncios em vídeo seriam "o principal canal" para grandes anunciantes interessados em elevar seu investimento publicitário online.
As verbas publicitárias nem sempre acompanham o crescimento no número de visitantes aos sites noticiosos em vídeo, afirma Quinn, da wsj.com. Mas ele diz que a publicidade em vídeos noticiosos no momento é o formato publicitário mais forte do site.
"Queria que tivéssemos mais vídeos, porque estamos completamente vendidos", disse Quinn.
Tradução: Paulo Migliacci ME
Fonte: The New York Times