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quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Agência, prove o que você tem de melhor

O mercado publicitário tem algumas contradições bem interessantes. Vou falar de duas. Uma delas é a questão do foco no cliente. Enquanto se preocupam em atender cada vez melhor o consumidor dos produtos que anuncia, as agências de comunicação parecem se esquecer de atender a muitas das necessidades dos seus próprios clientes, que são as empresas. Uma cena comum em corredor de agência é ver um bando de publicitários reclamando de clientes que não aprovaram determinada campanha, ou que são desorganizados, ou que não tem bom gosto. E por aí vai.

Outro discurso muito frequente é o de que sem investir em comunicação dificilmente uma empresa consegue êxito no mercado. E vão além. Se a comunicação não for criativa, provavelmente não vai funcionar. As agências estão certas em dizer isso – pelo menos em parte. A comunicação criativa ajuda e muito a emplacar vendas, a desenvolver uma imagem positiva e a criar uma marca forte. No entanto, mora aí mais uma contradição: Se a comunicação e a criatividade são cruciais, por que a grande maioria das agências não utiliza desses artifícios ao seu favor? Raramente vemos agências de comunicação indo além de um simples website – algumas já possuem blog e Twitter – e anúncios periódicos em revistas especializadas.

A questão aqui é que dificilmente há outro setor em que a máxima “casa de ferreiro, espeto de pau” se aplica tanto. Felizmente temos algumas exceções. Afinal, podemos falar de maioria, mas nunca generalizar. Vou contar, então, dois casos de agências que, para melhorar seus resultados, resolveram provar do que fazem de melhor. Espero que sirva de exemplo para as agências que estão acostumadas a conviver com as contradições que comentei logo acima. Vamos lá.

O primeiro é uma ação inusitada e bastante ousada da até então inexpressiva agência espanhola Ruiz Nicoli Líneas, que conseguiu, recentemente, uma façanha incrível. Ela se tornou, em questão de semanas, a agência mais conhecida da Espanha e arrematou um leão de bronze na categoria Promo do mais importante festival publicitário do mundo, o Cannes Lions.

Tudo começou com alguns boatos que a própria agência lançou na internet dizendo que havia sido eleita a Agência do Ano pelo Nielsen. Logo depois, eles veicularam banners em respeitados sites de negócios e anúncios nos principais jornais do país com a mesma informação.

Como não fazia sentido uma agência totalmente desconhecida ser apontada como a principal de 2008 por um dos mais respeitados institutos de pesquisa do mundo, ouve um buzz enorme nas publicações do setor. Cogitava-se ou ser uma mentira ou até de que a agência poderia ter “comprado” o prêmio.

Para a surpresa geral, a Ruiz Nicoli Líneas não estava se referindo ao instituto Nielsen, mas sim ao ator Leslie Nielsen – aquele do filme 'Corra que a polícia vem aí'. Quem havia dito aquilo tudo sobre a agência havia sido ele. Não passava de uma brincadeira bem corajosa da parte deles.

A verdade foi revelada em um hotsite e o caso foi parar até em um dos programas de TV mais assistidos da Espanha, o Buenafuente. Para aumentar o impacto, foram realizadas algumas ações de rua e alguns vídeos com declarações do ator foram colocados no Youtube. O resultado foi surpreendente: mídia espontânea estimada em 250 mil Euros, um Leão no maior festival de publicidade do mundo, dezenas de novos clientes e 80% de top of mind em toda a Espanha.

O segundo caso é o da agência norte-americana Plaid, localizada em Danbury, no estado de Connecticut. Em 2006, enquanto a equipe da agência fazia uma reunião para levantar ideias para a prospecção de novos clientes, um funcionário sugeriu algo bem inusitado: pegar uma van, pintar, decorá-la com a marca da Plaid e dirigir ao redor do país para conhecer algumas empresas com as quais eles gostariam de trabalhar. Todos riram, mas ninguém levou a sério. Afinal, era algo que bandas de rock costumavam fazer, não agências de comunicação, diziam eles. No entanto, Darryl Ohrt, um dos sócios, sentiu que a sugestão tinha grande potencial e resolveu encarar. Pouco tempo depois, nascia o PlaidNation.

A primeira turnê foi em 2007. Com uma van alugada, eles começaram pela cidade de Nova York e foram até Dallas, no Texas. No trajeto, conheceram diversas empresas, agências e pessoas interessantes. Melhor ainda, conquistaram novos clientes, que adoraram a novidade. Em 2008, foi novamente um sucesso. A van percorreu toda a costa oeste dos EUA e, mais uma vez, eles trouxeram novas contas na bagagem.

Em 2009, o Plaid Nation ganhou alguns incrementos. Levou palestras sobre inovação e mídias sociais a diversas localidades dos Estados Unidos. Teve sua cobertura feita através de blogs, mensagens no Twitter, podcasts e vídeos. E contou com o patrocínio da Ford Motors, Sprint e Q Hotel & Spa. O que era para ser apenas uma aventura tem sido o grande responsável pelo crescimento da empresa, que hoje atende a clientes como Iron Horse Bikes, Segway, Sony Music, TX Watches e Virgin Records – todos conquistados durantes as viagens.

E a sua agência, o que tem feito nesse sentido? Ao utilizar todo o seu potencial criativo em seu favor, você se diferencia, torna sua marca mais conhecida e conquista novos clientes. Além disso, as empresas poderão ver, na prática, do que você é capaz e, certamente, comprarão suas ideias com muito mais facilidade. E ai, vai encarar o desafio?

* Carlos Henrique Vilela é planejador estratégico da Tom Comunicação e autor do blog CHMKT http://www.chmkt.com.br/.

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