Recentemente, ganharam destaque as regras de conduta online lançadas pelo jornal Folha de São Paulo e pela Rede Globo.
Em tempos de jornalismo beta, tais orientações soam contrárias à participação do público no trabalho jornalístico. Ou seja, o ideal seria incentivar o diálogo com os leitores, que podem ter uma participação efetiva na condução da apuração da informação, e não se distanciar deles.
Os jornalistas poderiam usar a web 2.0 para engajar a comunidade e criar a sensação de pertencimento, diminuindo a distância leitor-repórter que muitos dizem sentir. O profissional de comunicação pode propor debates, fazer perguntas, pedir indicações e, claro, receber feedback.
Ou seja, mostrar os bastidores da notícia (uma preocupação recorrente nesses manuais de conduta) não seria necessariamente algo ruim. Do contrário. Poderia enriquecer o trabalho.
Evidentemente, em certos casos, como material exclusivo ou temas polêmicos que revelados antes do tempo poderiam destruir reputações, a empresa jornalística poderia “segurar” a informação.
De toda forma, muitas empresas se beneficiam do capital social de seus funcionários quando eles recomendam conteúdo dos sites nos quais trabalham (citando links no Twitter, por exemplo).
Esses comunicadores usam sua reputação para atrair audiência. Para não criar conflitos, há quem cadastre dois perfis nas redes sociais. Um pessoal, destinado apenas aos amigos, e outro profissional. No primeiro, ficaria mais à vontade para divulgar fotos pessoais, por exemplo. O outro seria o espaço para sua persona pública.
Segundo a consultora Amy Webb, o debate está caminhando na direção errada. O foco deveria ser a segurança dessas atividades para não expor o sistema a invasões de hackers, por exemplo. “Ao acessarem redes sociais do trabalho, esses profissionais não estão apenas revelando seus pontos de vista, mas sim sua localização”, explica. Isso poderia gerar problemas de segurança e privacidade de TI (Tecnologia da Informação).
Etiqueta virtual?
Todavia, não se trata de uma postura nova. Há anos, empresas possuem manuais de conduta. Indicavam, por exemplo, quais as roupas mais “apropriadas”, que postura política é permitida… Agora estão adaptando essas normas para as mídias sociais.
No mundo, várias empresas de comunicação estão fazendo o mesmo (dica do Granado). A IBM também tem um manual de conduta online, mas inovou ao partilhar a construção do documento com os empregados, através da tecnologia wiki.
A postura da IBM poderia servir de referência, pois não apenas define o que deve ser evitado, como também incentiva o uso dessas novas mídias. A empresa aponta o que considera ser as melhores práticas, como evitar a publicação de conteúdo de forma anônima ou indicar onde trabalha.
O ideal seria que esses manuais tivessem caráter recomendativo, e não impositivo. Entretanto, há exagero dos dois lados. Certa vez, já escutei um chefe de TI dizendo que os funcionários da empresa ficavam perdendo tempo “em sites de jornais”.
Por outro lado, há quem passe o tempo de trabalho usando essas ferramentas de mídia social basicamente para fins recreativos e não para desempenhar funções relativas ao seu emprego. Claro, quebras na rotina são importantes para arejar a mente. Mas as empresas, cada vez mais, identificam excessos.
Para mim, é questão de tempo essas ferramentas começarem a ser ainda mais restringidas. Até porque outro problema é que, muitas vezes, são feitos comentários nessas redes sociais que podem ser considerados inapropriados pelas empresas. Já vi cada mensagem no Twitter…
O outro lado
A mídia pode ser social, mas a responsabilidade é corporativa. Antes de se portar como uma diva que acha que sua arte não é entendida pelos empresários, é bom atentar para o outro lado. A empresa tem de se preocupar com direitos autorais, comentários que podem dar margem a processos judiciais, revelação de dados estratégicos…
Na prática, é simples não cometer deslizes. Não precisa criar máscaras, é só usar o bom-senso, praticando online as mesmas regras de conduta da vida “real”. Você sai gritando pelas ruas comentários jocosos sobre outros profissionais e empresas concorrentes? Sai revelando nos corredores da empresa produtos e serviços ainda em gestação? Pois é…
Você também pode agir, basicamente, da forma que achar apropriado, mas sem esquecer que liberdade de expressão não lhe isenta de responsabilidades. Há consequências, boas e ruins.
De toda forma, soa estranho escutar pessoas que não sabem o que é viver num regime de excessão usar a palavra censura nos mais diversos contextos. É outra palavra desgastada pelo uso inapropriado, o mesmo que ocorreu com o termo “atitude”. Parecem crianças mimadas que não aceitam qualquer tipo de orientação dos pais.
Acusam que não são compreendidas, mas dificilmente tentam se colocar no lugar do outro.
Fonte: http://webinsider.uol.com.br
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