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quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Opinião: Como se dar bem

Washington Olivetto - < Publicado na Folha de S. Paulo em 16/02/98 >


Outro dia um jovem redator de publicidade - e bota jovem nisso - me perguntou o que fazer para se transformar num publicitário bem-sucedido.

Como essa deve ser a angústia e a pergunta de outros como ele, resolvi listar algumas dicas. Mas aproveitem porque estas ofertas são válidas por tempo limitado.

Quem quer ser um grande criador de propaganda tem de ouvir o CD "Paradiso", do Celso Fonseca, e também os novos CDs da Elza Soares e dos Racionais.

Tem de ir ao cinema assistir ao novo filme do Woody Allen, "Desconstruindo Harry".

Tem de comer pastel de queijo na feira do Pacaembu, beirute no Bambi, agora redecorado pelo Sig Bergamin, e, se a grana der, um polpettone no Vecchio Torino acompanhado de um bom Sassicaia tinto.

Tem de torcer pro Zagallo ter uma crise de bom senso e escalar a seleção com Ronaldo, Zé Roberto, Junior Baiano, Dunga e Roberto Carlos; Zé Elias, Bebeto e Denilson; Edmundo, Ronaldinho e Romário.

Tem de assistir ao programa do Jean-Paul Gaultier no Euro Channel e dar uma passadinha na galeria do Marcantonio Vilaça para bisbilhotar o acervo.

Tem de olhar o livro de fotos do Karl Lagerfeld, que é lindo, apesar de ter muito homem pelado pro meu gosto, reler o Machado de Assis, ler a "Bravo" e a "Caros Amigos" e, se possível, descolar o novo livro de Alain de Botton, "Kiss & Tell".

Tem de convidar os amigos para uma degustação de sorvetes Mambo Jambo e Häagen-Dazs, com direito a discussão sobre qual dos dois é o melhor, só pra depois chegar à conclusão de que ambos são ótimos.

Tem de namorar, jogar bola com a galera, dançar e escolher umas duas ou três campanhas de outras agências e criadores pra elogiar e ficar com inveja saudável.

Tem de sacar que tudo o que está na moda periga sair da moda, que ter prestígio é melhor do que ter fama e que discutir os efeitos do El Niño é um papo que torra mais do que o próprio.

E, além de tudo, tem de trabalhar bastante pra criar publicidade de qualidade mesmo, coisa que sem trabalho é difícil. E sem vida é impossível.

< Publicado na Folha de S. Paulo em 16/02/98 >

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